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2ª Sessão | December 11, 2018  | 310 Lotes

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Sinete mão em prata relevada "Mascarões e motivos vegetalistas" cunho gravado com timbre da família Geraldes (de Itália), inscrição "RAPHAEL . FEZ . LISBOA . 1845" Português séc. XIX (2ª metade) assinado RAPHAEL (Raphael Zacarias da Costa), sem marcas, ao abrigo do Decreto-Lei nº 120-2017, de 15 de Setembro – art. 2º, nº 2, alínea c) Dimensões (altura x comprimento x largura) - 9,5 cm; Peso - 114 g. Notas: Raphael Zacarias da Costa
Nascido em Lisboa a 24 de Outubro de 1816 e falecido a 22 de Novembro de 1895, este filho de ourives foi desde cedo encaminhado na mesma arte, tendo frequentado a Academia das Belas Artes, onde se viria a destacar como notável cinzelador. Raphael Zacarias da Costa possivelmente não teve oficina própria, daí não existir nenhuma marca com as suas iniciais; sabe-se que trabalhou para o ourives e comerciante Estevão de Souza, o qual tinha tido sociedade com um outro ourives, Raimundo José Pinto, com loja na Rua da Prata e que, após a morte de Raimundo Pinto, no final da década de 1850, teve loja na Rua do Ouro, tendo ambos sido fornecedores da Casa Real, quer em obra nova quer em peças antigas.
Seria com uma célebre faca de mato, executada ao longo de onze anos por Zacarias da Costa, tendo por modelo um original em marfim, de origem italiana, que foi de D. Pedro V, que este artífice passaria à posteridade, não só por causa do alto valor pedido por Estevão de Souza (que faria o Rei D. Fernando desistir da sua compra), como pela posterior tentativa de a vender em Inglaterra, enviando-a no navio Cádiz, com um valor de seguro de 7.000 libras (o equivalente a cerca de  um milhão e meio de euros nos dias de hoje...). Tendo o navio naufragado, Estevão de Souza foi de imediato indemnizado pela perda e a companhia de seguros Fidelidade viria a ficar com ela no seu património, após um dispendioso e pioneiro resgate submarino, onde ainda hoje se encontra.
É conhecido um outro sinete em prata, com decoração semelhante mas não tão rica, o qual apresenta a inscrição "R.Z.C. fecit…", pelo que poderão existir outras obras identificáveis por estas iniciais. De sua produção conhece-se ainda um saleiro em ouro, cópia do original da autoria de François-Thomas Germain que faz parte do "aparelho de almoço" encomendado por D. José em 1764, várias peças executadas para D. Fernando e o bem conhecido cálice que viria a ser oferecido por D. Luiz ao Papa Leão XIII, que se encontra hoje no Vaticano. Também os nomes da Duquesa de Palmela, do Dr. Barahona e do Conde do Ameal surgem como tendo possuído obras deste artista, o qual também criou uma cabeça de leão em prata, encomenda do Marquês de Franco e Almodôvar para presentear a célebre cantora de ópera Darclée, provavelmente uma das suas derradeiras obras.
O sinete que agora se leva à praça é um testemunho eloquente – e raro – da qualidade atingida por este artista e artífice, indiscutivelmente um dos mais notáveis cinzeladores portugueses de sempre.

Henrique Correia Braga
Perito Avaliador de Pratas e Jóias

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