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1ª Sessão | May 30, 2016  | 328 Lotes

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CÍRCULO DE FREI CARLOS - SÉC. XVI Nossa Senhora do Leite óleo sobre madeira escola portuguesa séc. XVI (c. de 1510-1520) restauros, vestígios de insectos xilófagos Dimensões (altura x comprimento x largura) - 91 x 30 cm Notas: O primeiro mestre dos chamados pintores “luso-flamengos” foi Francisco Henriques (act. 1506-1518), cujo trabalho é reconhecível no retábulo da Sé de Viseu e documentado no retábulo de S. Francisco de Évora e nos grandes painéis executados para as capelas laterais da mesma igreja. Henriques foi um dos pintores preferidos de D. Manuel e enraizou-se na sociedade portuguesa casando com uma irmã do pintor régio Jorge Afonso. Em 1512, a mando de D. Manuel, Francisco Henriques deslocou-se à Flandres para recrutar mais pintores que pudessem satisfazer as cada vez maiores empreitadas régias. Dos pintores que vieram com ele para Portugal alguns morreriam com Henriques durante as obras do Tribunal da Relação de Lisboa, em 1518, atingidos pela peste, e a sua actividade é pouco discernível do ponto de vista individual, mas a sua influência sobre a pintura  portuguesa é notória dando origem precisamente ao ciclo que podemos designar como luso-flamengo e que marca sobretudo a segunda década do século XVI.
Apenas dois desses mestres flamengos têm uma actividade discernível entre os seus pares, o anónimo mestre que conhecemos pelo nome convencional de Mestre da Lourinhã, que executou entre outros os retábulos de Palmela, de Vale Bem Feito e colaborou no retábulo do Funchal, e Frei Carlos, que em 1517 professou no Convento do Espinheiro e entre essa data e a sua morte, cerca de 1540, executou para os Jerónimos diversas obras. Foi a este último que Luis Reis Santos chegou a atribuir esta pintura, com cujo círculo tem notórias actividades, se bem que a escala grande da figura lembre mais certas obras de Henriques.
O que me parece certo é que se trata de uma pintura claramente integrável nos mestres “luso-flamengos”, com a sua técnica característica, menos presa aos detalhes realistas do que a escola de Lisboa e com uma técnica própria que podemos observar com rigor no mais prolífico dos seus mestres, precisamente Frei Carlos. Pelo formato do painel e a sua composição, talvez se trate da aba esquerda de um tríptico. Apesar dos restauros, em zonas onde sofreu de lacunas, a pintura é um testemunho importante de uma das mais brilhantes fases da nossa pintura e a figura da Virgem tem evidente elegância na sua beleza idealizada e no colorido vibrante dos seus panejamentos.

Joaquim Oliveira Caetano (Curador e Historiador de Arte)

Bibliografia:
COUTO, João - "A Pintura Flamenga em Évora no século XVI. Variedade de estilos e técnicas na obra atribuída a Frei Carlos". Évora: 1943.
COUTO, João - "A oficina de Frei Carlos". Lisboa: Artis, 1955.
AA.VV. - "Os Primitivos Portugueses 1450-1550. O Séculos de Nuno Gonçalves". Lisboa: Museu Nacional de Arte Antiga/ Athena, 2010.
CARVALHO, José Alberto Seabra (dir.) - "O Frei Carlos da América. Investigação e Crítica". Lisboa: Museu Nacional de Arte Antiga, 2013.

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