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euro_symbol€ 19,000 - 28,500 Base - Estimativa
Cristo crucificado Lusíada escultura em marfim vertente Sino-Portuguesa - Sul da China, provavelmente de Zhangzhou séc. XVI/XVII um braço com colagem, dois dedos com colagens Dimensões (altura x comprimento x largura) - 44 cm Notas: a presente escultura encontra-se estudada e representada em CRESPO, Hugo Miguel - "Arte Cristã Chinesa - Dos Mares do Sul da China à Corte Imperial (1580-1900)". Lisboa: São Roque Antiguidades - Galeria de Arte, 2025, pp. 26-29, fig. 16, onde é textualmente referido "Um exemplar de grandes dimensões [Fig. 16], identificado em data recente numa colecção particular portuguesa, destaca-se em termos da qualidade do entalhe. As técnicas de entalhe e os processos de produção desta peça notável - evidente nas fotomicrografias [Fig. 17] - são característicos desta produção, que procurava preservar ao máximo a dimensão das presas, mesmo à custa de expor a camada externa ou cemento, como se observa na testa de Cristo, por exemplo, ou recorrendo a cavilhas para ocultar cavidades naturais."Esta figura de Cristo Crucificado foi esculpida em marfim de elefante no sul da China, provavelmente em Zhangzhou (província de Fujian), entre a última década do século XVI e a primeiras do século seguinte. 1 Zhangzhou, uma das mais importantes cidades da costa da província de Fujian, era um centro notável de escultura em marfim nos finais da dinastia Ming.A tradição de entalhar figuras seculares e religiosas (para altares privados budistas e taoistas) em marfim no sul de Fujian viu-se fortalecida pela nova valorização e consumo de bens de luxo entre a elite urbana. Europeus com acesso aos mercados de Fujian e aos seus agentes locais e no interior - comerciantes e missionários cristãos, assim como, talvez, recém-convertidos locais - terão começado a encomendar esculturas religiosas em marfim, sendo esta procura rapidamente acolhida pelos artesãos chineses. Embora marfim não surja listado entre os produtos de Fujian nesse período, já em 1573 os mercadores de Fujian levavam crucifixos - sem dúvidasemelhantes ao nosso Cristo Crucificado - para venda em Manila. 2 Marfins devocionais mais fortemente sinizados foram, tudo o parece apontar, entalhados em Fujian neste contexto, alguns - como os do naufrágio do Santa Margarita (1601) - tendo chegado às Filipinas e, depois, rumado a Acapulco a bordo do galeão de Manila. 3 Outras figuras, encomendadas de forma maisdirecta pela nova clientela, em especial missionários espanhóis estantes nas Filipinas, eram provavelmente produzidas em Manila, aderindo de forma mais próxima aos coevos cânones estéticos europeus. A procura era tão elevada, e as margens de lucro tão apelativas, que um número crescente de artesãos e comerciantes de Fujian se estabeleceu em Manila a partir dadécada de 1580.Representado já morto, com a cabeça inclinada para o ombro direito, os traços faciais de Cristo apresentam uma forte sinização, destacando-se a testa alta, o cabelo liso e longo (pintado de castanho), as sobrancelhas arqueadas, os olhos amendoados e fechados, o nariz achatado e os lábios finos. Os braços estendidos foram entalhados separadamente e fixados ao corpo,enquanto o pé direito se encontra pregado sobre o esquerdo. O tratamento um tanto angular do perizoma finamente entalhado de Cristo, com suas numerosas pregas, é característico da escultura chinesa coeva. De entre os marfim religiosos cristãos entalhados na Ásia sob influência europeia, os mais abundantes estão relacionados com a Paixão de Cristo, com figuras do Cristo Crucificado, de diferentes dimensões e qualidade do entalhe, totalizando centenas de exemplares. Isto não surpreende, dado o papel central na teologia cristã atribuído à Crucificação, simbolizando o sacrifício de Cristo para a Salvação da humanidade. Para osmissionários que desenvolviam a sua actividade evangélica na Ásia nos inícios do século XVII, a imagem de Cristo Crucificado constituía um instrumento poderoso para comunicar o princípioessencial do cristianismo - a redenção através do sofrimento e da morte. Um Cristo Crucificado em tudo idêntico pertence ao Asian Civilisations Museum, Singapura. 4Hugo Miguel Crespo, Novembro 20251 Publicado em Hugo Miguel Crespo, Arte Cristã Chinesa. Dos Mares do Sul da China à CorteImperial (1580-1900), Lisboa, São Roque Antiguidades & Galeria de Arte, 2025, pp. 26, 28-29,figs. 16-17.2 Veja-se Derek Gillman, “Ming and Qing Ivories: figure carving”, in William Watson (ed.),Chinese Ivories from the Shang to the Qing, Londres, The Oriental Ceramic Society - BritishMuseum, 1984, pp. 35-52, na p. 37.3 Quanto aos marfins do Santa Margarita, veja-se Marjorie Trusted, “Survivors of a Shipwreck:Ivories from a Manila Galleon of 1601”, Hispanic Research Journal, 14.5 (2013), pp. 446-462.4 Alan Chong (ed.), Christianity in Asia. Sacred art and visual splendour (cat.), Singapura,Asian Civilisations Museum, 2016, p. 189, cat. 77 (entrada catalográfica de William R.Sargent).a) Este lote está sujeito às restrições CITES de exportação/importação e encontra-se devidamente certificado: nº 23PTLX12428C;b) É actualmente proibida por diversos países a importação de bens que incorporem materiais de espécies da fauna e flora selvagens protegidas, incluindo, entre outros, marfim, coral e tartaruga;c) Em Portugal, em conformidade com a prevista transposição para a legislação nacional das mais recentes orientações da UE relativas ao comércio de marfim, está suspensa a emissão de certificados de reexportação para países que não integrem a UE;d) Neste contexto, aconselham-se os seus potenciais compradores a informarem-se previamente sobre a legislação do seu país e restrições internacionais aplicáveis.