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2ª Sessão | March 10, 2020  | 291 Lotes

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euro_symbol€ 5,000 - 7,500 Base - Estimativa

gavel€ 8,000Vendido

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Anel ouro cravejado com rubis calibrados e diamante em talhe Lisboa com o peso aproximado de 2,93 ct., grau de cor K e pureza SI2, fluorescência média Português séc. XX (meados) anel com sinais de uso e pequenos defeitos sem marcas, ao abrigo do Decreto-Lei 120/2017, de 15 de Setembro - art. 2º, nº 2, alínea c) Dimensões (altura x comprimento x largura) - 16 (17,7 mm) cm; Peso - 3,5 g. Notas: Proveniência: Colecção de Jóias de Soprano do Teatro Nacional de São Carlos, Lisboa.
Nota: A originalidade e a raridade da lapidação do diamante em causa impõem uma nota de enquadramento que torne claro o alcance cultural e patrimonial e o interesse nacional e internacional desta pedra.
À primeira vista lapidado em Talhe Antigo de Brilhante, designação reservada para uma lapidação ostentando um total de 58 facetas, sendo 33 na coroa (secção superior) e 25 no pavilhão (secção inferior) o presente diamante, que nos surge cravejado num anel de ouro, posterior, decorado com rubis calibrados, reproduzido nas imagens anexas, ostenta realmente uma lapidação superior, sendo visíveis 41 facetas na coroa, o que corresponde, nessa medida, à variante do Talhe Brilhante, designada por Talhe Lisboa.
Apesar de tal lapidação estar referenciada na literatura da especialidade desde pelo menos meados do século XIX, conforme refere o gemólogo Rui Galopim de Carvalho, in The Journal of Gemmology 34(2) 2014, até hoje apenas foi identificado, por ele próprio, um único exemplar: trata-se de um dos maiores diamantes que ornamentam a célebre caixa de tabaco encomendada em 1755 pelo Rei D. José ao joalheiro francês Jacqmin (1718-1770) e executada em 1755/1756, pelo ourives Jean Ducrollay.
Na referida caixa, decorada com 204 esmeraldas e 853 diamantes em talhe brilhante, um deles, com o peso aproximado de 10 ct, localizado na tampa, junto ao fecho, tem a coroa lapidada em talhe Lisboa – 41 facetas - sendo de 25 o número de facetas do pavilhão (parte inferior do diamante).
É este o segundo diamante conhecido com tal lapidação.
A sistemática e minuciosa análise a que são sujeitas as jóias, designadamente as pedras, levada a cabo pelos nossos peritos no âmbito da peritagem que precede a sua contratação, catalogação e colocação em venda, revelou que a coroa deste diamante possui as referidas 41 facetas que caracterizam o Talhe Lisboa e que o distinguem do Talhe Brilhante clássico; a descravação do anel a que, com prévia autorização do proprietário, foi possível proceder posteriormente para o efeito, confirmou que, tal como acontece com o diamante que decora a caixa de tabaco do rei D. José (que não foi nem é possível descravar), o pavilhão (secção inferior) tem as normais 25 facetas e não mais.
Não sendo conhecidos, ou não tendo os nossos peritos conhecimento da existência senão de dois diamantes com tal lapidação - em que a coroa ostenta 41 facetas, mais 8 do que o Talhe Brilhante - é manifesta a raridade do diamante em causa.
Por outro lado, ostentando ambos os diamantes, conforme atrás se referiu, um pavilhão mantendo as 25 facetas do Talhe Brilhante - sem facetas extra, portanto - esse facto pode indiciar que o Talhe Lisboa só possuiria efectivamente 8 facetas extra na coroa, ao contrário do que inicialmente se supôs.
O futuro – e um eventual aparecimento no mercado de outro diamante com lapidação em talhe Lisboa – permitirá confirmar (ou infirmar) esse indício.
No presente, cumpre à Gerência da Cabral Moncada Leilões felicitar vivamente os seus peritos de Pratas e Jóias, em particular Henrique Correia Braga, pelo olhar de lince que permitiu a descoberta deste diamante; e pelo saber que permitiu a sua correcta identificação e a revelação da sua rara, preciosa lapidação -  que poucos conheceriam e que não lhe passou despercebida entre tantas outras; cumpre-nos ainda registar e agradecer o seu trabalho de investigação, em que assenta a nota que antecede.
Fevereiro de 2020, A Gerência

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