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1ª Sessão | February 29, 2016  | 317 Lotes

euro_symbol€ 6,000 - 9,000 Base - Estimativa

gavel€ 6,000Vendido

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SIMÃO DE BRITO - ACTIVO EM 1688 Adoração dos Reis Magos e Apresentação de Jesus no Templo óleo sobre tela reentelado, restauros antigos, pequenas faltas assinado e datado de 1723 Dimensões (altura x comprimento x largura) - 130 x 124 cm Notas: "As duas pinturas assinadas por Simão de Brito, uma representando a "Anunciação" junto com a "Visitação da Virgem a sua prima Isabel", e outra a "Adoração dos Magos", vendo-se ao fundo a "Apresentação do Menino no templo", são verdadeiramente curiosas no panorama da produção pictórica nacional. De facto, tantos os modelos, como o colorido e a luminosidade são devedores de uma tradição artística bem mais antiga do que a datação que ostentam as duas telas, 1723. Apesar do arcaísmo das soluções pictóricas, o pintor deixou a sua marca autoral bem clara nas telas. Simão de Brito sublinha a sua assinatura dando-lhe sombra nas letras para as destacar e, numa delas (na Adoração dos Magos), acrescenta mesmo a data precisa da sua conclusão: 28 de Outubro de 1723. Na verdade o pintor era nesta altura já um veterano da irmandade dos pintores de Lisboa. Logo, deveria marcar a sua posição e a importância no seio de uma irmandade de pintores que se afirmavam, nesse tempo, cada vez mais académicos.
Pouco ou nada se sabe do artista que assina estas obras, a não ser que morava atrás de São Domingos, e que deu entrada na Irmandade de São Lucas no dia 18 de Outubro de 1688. Na mesma Irmandade fez a colecta de esmolas, supostamente no Bairro de Alfama. Foi Mordomo dessa Irmandade nos anos de 1692-1693, dando nessa altura esmolas, e foi procurador em 1700.
Apesar de exíguos, estes dados biográficos poderão ajudar a compreender as pinturas de Brito. A sua formação deverá ter sido toda realizada na segunda metade do século XVII, visto ter dado entrada na Irmandade de São Lucas no ano de 88 desse século. Nesse tempo o paradigma pictórico da tradição oficinal lisboeta era ainda o do tardo tenebrismo, caro ao operoso pintor da capital Bento Coelho da Silveira. Nada, a não ser a vontade ideal e literária, apontava na direcção classicista romana que a pintura portuguesa iria tomar durante o reinado de D. João V. Nem os efeitos das viagens dos pintores da geração seguinte, Vieira Lusitano, Bernardes e André Gonçalves, a Roma se faziam sentir, nem as telas que viriam a ornar a Basílica de Mafra tinham ainda chegado a Portugal. Portanto, Simão de Brito continuava a produzir aquilo que a sua clientela desejava e nisso cumpria os requisitos que eram apenas devocionais e icónicos, mas não estéticos."

Anísio Franco, 27 de Janeiro de 2016

Bibliografia: vd. FLOR, Susana Varela; FLOR, Pedro - "Pintores de Lisboa - Séculos XVII-XVIII - A Irmandade de S. Lucas". Lisboa: SCRIBE, 2016, p. 99.

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