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euro_symbol€ 12,000 - 18,000 Base - Estimativa
gavel€ 110,000Vendido
Máscara «Mwana Pwo» madeira, fibras e metal máscara representativa do ideal de beleza feminino, utilizada por dançarinos profissionais em vários tipos de cerimónias Angolana - Tshokwe séc. XX (1º quartel) pequenos defeitos oriunda da região do Saurimo, província da Lunda-Sul Dimensões (altura x comprimento x largura) - 19 cm Notas: Proveniência: Colecção Eng. Elísio Romariz dos Santos SilvaFig. 7 nos apontamentos impressos "A Escultura Tribal dos Povos Banto" versão actualizada, de 1995, do trabalho com o título "A Escultura Negro-Africana Vista à Luz da Filosofia Banta", que o autor apresentou em 1971, pelos XXII Jogos Florais da Câmara Municipal de Nova Lisboa - Angola, pp. 13-14. Trabalho original disponível em http://memoria-africa.ua.pt/Library/ShowImage.aspx?q=/bchuambo/bchuambo-026&p=10, consultado a 16 de Março de 2023 às 11:16. Peça com o nº 4, referida no caderno de apontamentos do coleccionador «Angola - Arte Negra, Relação e descrição das peças», nele identificada como «Máscara Muana Puo»: "Tatuagens: - na testa e no queixo: «Mupila»; - nas faces: «Masoji» (lágrimas), «Tubenga» (que não está direito); - no nariz: «Cangongo». - O septo nasal está furado para ser atravessado por um pauzinho (mutondu wa zulu), mutilação étnica que foi muito usada pelas populações do nordeste de Angola, mas hoje já em desuso. - Por toda a face vários sinais cruciformes (variantes de «mipila»?). Na testa duas tachas de cabeça de latão. [...]Adquirida em 30 de Maio. [19]70 a Sanssango Tchiouga, bailarino quioco que representava(?) na concentração de populações do Lumeje. Este bailarino vivia na sanzala do Soba Jamba (Luena), ao norte da linha férrea do C. F. Benguela [...]. A máscara, o seu fato e dois chocalhos estavam guardados dentro duma caixa em boa madeira com tampa [...]. A compra da máscara foi muito difícil porque o dançarino dizia que a máscara tinha vindo da região de Saurimo (Henrique de Carvalho) e que no Lumeje não havia escultor que fizesse outra tão bonita e boa [...]. Por isso, depois de longa conversa, não só comigo, mas também com os seus amigos a quem pedia conselho, decidiu-se a vende-la [...] mas quando a entregou vieram-lhe as lágrimas aos olhos, era pena se separar dela e de ter de ficar uns tempos sem dançar até arranjar outra".Segundo Marie Louise-Bastin "O nome da máscara é Pwo, "Mulher", ou Mwana Pwo, "Rapariga". Costumava representar uma mulher madura que tivesse provado a sua fertilidade ao ter uma criança. Mais recentemente, devido à alteração nos valores africanos - possivelmente sob influência europeia - esta máscara tem representado uma rapariga e a esperança de vir a ter muitos filhos.O mascarado masculino, incarnando o antepassado feminino, garante fertilidade aos espectadores durante a sua actuação. Traz peitos falsos e veste um pano drapeado nas ancas e um cinto pesado em forma de crescente, que salta para cima e para baixo enquanto move as costas. No passado, estes gestos eram discretos e elegantes tendo o intuito de ensinar às mulheres modos graciosos. Quando encomendava uma máscara, o dançarino oferecia uma moeda em latão, o preço simbólico de uma noiva. Tratada como se fosse uma pessoa, a máscara era muitas vezes enterrada pela morte do dançarino, cuja profissão passava geralmente para o sobrinho.Um escultor profissional («songi») era então encarregado de produzir uma nova máscara, um processo que antigamente demorava várias semanas. Trabalhava no mato, usando como modelo uma mulher cuja beleza admirava. Para esse fim, aproveitava todas as oportunidades para se encontrar com ela e observar as suas feições, incluindo as tatuagens, penteado e jóias. Por esta razão, as máscaras femininas são em muitos casos retratos; embora partilhem das características fundamentais de toda a escultura Tshokwe, cada peça varia de uma forma subtil. A mestria técnica do escultor, combinada com a inspiração provocada pelo modelo, explicam a grande variedade de expressão escultural encontrada sempre na arte Tshokwe.A «mukishi wa Pwo» adorna muitos objectos, como tambores, sanzas e bainhas de faca. Quando uma imagem feminina funciona como contraponto de uma representação da máscara masculina «Cihongo», está também a fazer-se referência à «Pwo».Se o dono da máscara «Pwo» ficasse doente, era costume consultar um adivinho para averiguar se era o espírito da máscara «Pwo» que estava a causar a doença. Se o dançarino deixasse de ter uma máscara, encomendaria uma nova e inaugurava-a perto da «cota», depois da sua esposa ter sacrificado uma galinha sobre a cabeça da máscara. Dançaria então perante a aldeia reunida. Finalmente, haveria uma refeição em comunhão entre o dançarino e a sua esposa. O mesmo ritual realizar-se-ia no caso de alguém que tivesse negligenciado uma máscara ainda em uso. O dançarino guardava a máscara «Pwo» normalmente na cabana «mutenji» fora da aldeia ou escondida num cesto na sua própria casa." cf. BASTIN, Marie-Louise - "Escultura Tshokwe". Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1999, pp. 102-103.Para o mesmo tipo de máscara vd. REDINHA, José - "Album Etnográfico Portugal-Angola". Luanda: C.I.T.A, 1971, p. 91 (como "Muana-Mpuo"); JORDÁN, Manuel - "Os Tshokwe e Povos Aparentados". In "Na presença dos Espíritos - Arte Africana do Museu Nacional de Etnologia, Lisboa". New York: Museum for African Art, Snoeck-Ducaju, 2000, pp. 100-102, cat. 73-75; BASTIN, Marie-Louise. "La sculpture Tshokwe”. Arcueil: Alain et Françoise Chaffin, 1982, pp. 100-103, figs. 40-45 (como "Masque Pwo/Pwo"); o catálogo "Escultura Angolana - Memorial de Culturas". Lisboa: Museu Nacional de Etnologia - Sociedade Lisboa 94, 1994, pp. 143-144, nºs 162-164; LIMA, Mesquitela de - "Os Akixi (Mascarados) do Nordeste de Angola". In "Diamag - Publicações Culturais nº 70". Lisboa: Companhia de Diamantes de Angola - Serviços Culturais Dundo - Lunda - Angola - Museu do Dundo, 1967, pp. 151 e 153, nºs 11-15 (como "Mukixi wa Pwó"); FELIX, Marc Leo. - "100 Peoples of Zaire and Their Sculpture: The Handbook”. Brussels: Zaire Basin Art History Research Foundation, 1987, p. 183, fig. 15; o catálogo do leilão realizado a 1 de Fevereiro de 2023 na Lempertz "Art of Arfrica, the Pacific and the Americas". Brussels: Lempertz, 2023, lote 42; e https://www.metmuseum.org/art/collection/search/319264?ft=Pwo&offset=0&rpp=40&pos=1, consultado a 14 de Março de 2023 às 15:37.