O site da Cabral Moncada Leilões utiliza Cookies para proporcionar aos seus utilizadores uma maior rapidez e a personalização do serviço prestado. Ao navegar no site estará a consentir a utilização dos Cookies.Saiba mais sobre o uso de cookies

Sessão única | June 6, 2022  | 303 Lotes

1/3

euro_symbol€ 45,000 - 67,500 Base - Estimativa

remove_shopping_cart€ 0Retirado

chevron_leftLote anterior 102 chevron_rightLote seguinte

DOMINGOS SEQUEIRA - 1768-1837 "Moeda de César" óleo sobre tela reentelado, restauros não assinado Dimensões (altura x comprimento x largura) - 72 x 94 cm Notas: a presente obra integrou a exposição "Sequeira 1768-1837. Um Português na Mudança dos Tempos", realizada no Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, entre 10 de Dezembro de 1996 e 30 de Março de 1997, encontrando-se reproduzida no respectivo catálogo, onde se propõe a data de 1790. Lisboa: IPM, 1997, pp. 136-137, nº 17.

"Iniciado em 1789, este foi o primeiro quadro de sua invenção que Sequeira pintou em Roma. Como aconteceria mais tarde, já na Ajuda (cf. cat.79), a rivalidade com o Vieira Portuense foi motivo de emulação para o empreendimento. Tratava-se, afinal, de fazer uma obra de mérito para oferecer à Rainha, cujo bolsinho lhe sustentava as despesas de estudo no meio académico romano.
As sucessivas etapas de elaboração da obra e da sua expedição para Lisboa estão muito satisfatoriamente documentadas na correspondência entre Lisboa, Génova e Roma a propósito de Sequeira (cf. "Cronologia" neste catálogo). O tema, extraído de um conhecido passo dos Evangelhos, foi-lhe sugerido pelo embaixador D. João de Almeida que o achou «mais conforme à sublime Dignidade de Sua Magestade», ele próprio testemunhando, face aos primeiros estudos de composição, que o quadro «tem merecido o aplauso dos Professores» (23 de Setembro de 1789). No ano seguinte, há notícia de diversas despesas com telas, pincéis, tintas e estudos de nu, atestadas por um colega italiano de Sequeira, Nicolla da Picola; em Dezembro, já se fala de mandar fazer a moldura. Finalmente, no começo de 1791, a obra embarca para Lisboa, onde deverá ter chegado em Abril. A 13 desse mês, o guarda-jóias João Pinto da Silva escreve ao cônsul português em Génova e ao encarregado de negócios em Roma acusando a sua recepção. Acrescenta ainda que a pintura pareceu muito bem e que mereceu a aprovação de Sua Magestade.
Depois disso, a obra sumiu-se... considerando-se que a sua memória visual se resumia a um desenho de pormenores existente no MNAA (inv.1212) e a dois outros, de colecção particular, revelados em exposição temporária no Museu Conde de Castro Guimarães (Cascais, 1968). Recentemente, porém, graças a informação da restauradora Teresa D'Orey, deparamo-nos com este estudo a óleo, de boa dimensão e já próximo da finalização. Não se tratando da pintura, acabada, enviada a D. Maria I, é com certeza o quadro que Raczynski pôde observar na residência do embaixador inglês Lord Howard de Walden, em Lisboa, nos meados do século passado - «un petit tableau, plus avancé que ne le sont d'ordinaire les ébauches, et dont le sujet est rendez à César ce qui est à César» (Raczynski, 1846, p. 278).
É um exemplo elucidativo das potencialidades de adaptação do jovem pintor Sequeira, mal chegado ao estágio da sua aprendizagem romana. O arranjo composicional, derivado do classicismo seiscentista e equilibradamente contido na retórica dos gestos e atitudes, reflecte já a correcta apreensão das opções ainda predominantes no meio académico romano. Os valores de luz são geridos com sensibilidade, com passagens suaves e subtilmente refreados quando se trata de contrastar as sobras. A distribuição das cores creio que reflecte, por seu turno, uma espantosa identidade com a paleta usual de pelo menos um dos seus mestres, Antonio Cavalluci.
Tudo somado, bem se compreende a recusa de Raczynski em aceitar a atribuição de autoria da pintura, mais lhe parecendo que «cette ébauche est de Pompeo Batoni»....
Bibli. Raczynski, 1846.
CARVALHO, José Alberto, in "Sequeira - 1768-1837 - Um Português na Mudança dos Tempos". Lisboa: Ministério da Cultura, Instituto Português de Museus, Museu Nacional de Arte antiga, 1997, pp. 136-137, nº 17.

Mensagem