DOMINGOS DA COSTA FILGUEIRA (17...?-1797), Triunfo da Religião (Virgem Maria), Triunfo da Religião (Jesus) e Regresso da Sagrada Família do Egipto (ou a Trindade na Terra) três óleos sobre madeira molduras em castanho entalhado restauros, faltas na pintura, vestígios de insectos xilófagos dois assinados no verso, todos com inscrição manuscrita no verso identificando o tema, numerados 3, 4 e 6 Dimensões (altura x comprimento x largura) - 31,5 x 44 cm Notas: "As pinturas do Triunfo da Religião (Virgem Maria), do Triunfo da Religião (Jesus) e o Regresso da Sagrada Família do Egipto (ou a Trindade na Terra), inspiradas em gravuras conhecidas (duas delas de Vorstermann II segundo Rubens), parecem-me pinturas de um forro de tecto de caixotões, parte de um conjunto desmembrado. Os números no reverso indicia e explica que se trata de uma série a que faltam outros quadros.
Penso que se trata do pintor baiano Domingos da Costa Filgueira, que trabalhou em Salvador da Bahia na segunda metade do século XVIII, onde pintou tectos de caixotões e de perspectiva e morreu em 1797. Existem muitas referências deste pintor entre cerca de 1760 e 1790, a trabalhar para a ordem Terceira de São Francisco do Salvador e para outras igrejas e casas religiosas de Salvador. Domingos da Costa Filgueira foi discípulo do português António Simões Ribeiro, o grande pintor de perspectivas da Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, que se instalou na Bahia por volta de 1735 e onde veio a morrer em 1755.
A obra de Domingos da Costa Filgueira é em geral modesta, como é exemplo a Assunção de Nossa Senhora, de 1769, no centro do tecto da Igreja de Nossa Senhora da Saúde e da Glória, se a perspectiva é bem feita (aos modos do seu mestre), já a cena historiada mostra um estilo muito duro e simplificado de figura, com deformações anatómicas e singeleza de fundos similares ao que estilisticamente se mostra nestas tábuas... Elas podem ser, pois, obra deste pintor baiano da segunda metade do XVIII.
No recente livro de Pedro e Susana Flor editado pela Scribre, vêm as listas de pintores inscritos na Irmandade de S. Lucas (mais de 900 nomes desde o início do século XVII ao fim do XVIII), e lá vem um pintor chamado DOMINGOS DA COSTA, referido desde 1704 a 1722 em funções de mordomo, e outras. Não sei se é o mesmo autor das tábuas do tecto de caixotões, mas é mais uma possibilidade a ter em conta.
Mas, pessoal e instintivamente, continuo a pender para que seja o baiano Domingos da Costa Filgueira -- até por afinidades de estilo com algumas coisas que pintou em Salvador e cujas reproduções vi, e que referi. Em relação à assinatura destas pinturas, à frente de Domingos da Costa existe uma espécie de abreviatura com dois F, podendo ser a abreviatura do pintor baiano, «Domingos da Costa Filgueira Fecit»."
Vítor Serrão, 10 de Fevereiro 2016

A Cabral Moncada Leilões regista e agradece a disponibilidade do Professor Doutor Vítor Serrão para confirmar a descrição desta obra.