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Sessão única | June 2, 2025  | 322 Lotes

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Cálice com patena e concha prata cálice com decoração relevada "Folhas", interior da copa e parte da patena dourados Italiano sinais de uso cálice com marca do ensaiador de Roma de Carlo Modesti (1696-1718), sem marcas portuguesas, ao abrigo do Decreto-Lei nº 120/2017, de 15 de Setembro - art. 2º, nº 2, alínea c) Dimensões (altura x comprimento x largura) - (cálice) 24,2 cm; Peso - (total) 569 g. Notas: O cálice em questão pertence a uma tipologia que, por comodidade, designamos de folhas de acanto sobrepostas, pois é esse o motivo decorativo distintivo, que caracteriza a falsa copa dos exemplares conhecidos.
Reconhecem-se exemplares em igrejas e museus italianos, sendo que em Portugal se identificaram, até ao presente, dois, pertencentes respectivamente à Diocese de Portalegre-Castelo Branco e ao acervo do Palácio Nacional de Queluz, ambos da autoria
de Antonio Arrighi (1687-1776), o ourives que mais trabalhou para o nosso país durante o reinado de D. João V.
Cálices, Antonio Arrighi (1687-1776), respectivamente Diocese Portalegre-Castelo Branco e Palácio Nacional de Queluz (inv. PNQ 638).
Os cálices em questão apresentam-se genericamente idênticos, evidenciando com clareza a adopção de um mesmo figurino e a sua realização segundo um mesmo modelo. Uma rápida pesquisa permitiu identificar mais de duas dezenas cálices semelhantes a este,
realizados ao longo de meio século, em concreto entre 1696 e 1744. As peças cronologicamente mais recuadas têm origem em duas oficinas: a dos sócios Bartolomeo Colleoni (1633-1708) e Michele Borgiani (1658-1732) e a oficina familiar dos Arrighi,
onde laboram Giovanni Francesco Arrighi (1646-1730) e seu filho Antonio. Na primeira a actividade prossegue, após a morte de Bartolomeo, com Michele Borgiani, detentor de patente desde 1697, e depois com Agostino Colleoni (1663-1746), sobrinho de
Bartolomeo, sendo que todos estes ourives trabalharam para a encomenda portuguesa (VALE 2014 e VALE 2016).
Pela amostra recolhida, a oficina dos Colleoni parece ser a maior produtora e, por consequência, a maior difusora deste modelo. Associados à autoria de três membros da mesma família contam-se 17 cálices desta tipologia, o que evidencia, não apenas o seu
sucesso, mas também a aptidão da oficina para a sua replicação, a que não é estranha a relativa simplicidade, aliada a uma solução decorativa intemporal: as folhas de acanto. Constata-se assim, que esta tipologia, que remonta aos derradeiros anos de Seiscentos, continua em uso até aos anos quarenta do século XVIII, repropondo uma fórmula que continuou a contar com um bom acolhimento junto da clientela, apesar das suas características que, no contexto do Settecento romano, poderiam ser consideradas
arcaizantes, mas que continuavam a ser eficazes para uma peça destinada ao uso quotidiano.
Este cálice remontará à cronologia mais recuada, no âmbito do arco temporal mencionado, pois possui (na face inferior da base e na falsa copa) o denominado camerale (a marca da Reverenda Câmara Apostólica) em uso, pelo ensaiador Carlo Modesti (1661-
1737), entre os anos de 1696 e de 1700 (BULGARI 1958 e BULGARI CALISSONI 1987).
Cálices, realizados entre 1696 e 1719, da autoria dos ourives Bartolomeo Colleoni (1633-1708), Michele Borgiani (1658-1732), Agostino Colleoni (1663-1746), Itália, diversas localizações (dioceses de Arezzo-Cortona-Sansepolcro, de Città di Castello e de Pesaro).
O facto de não ter sido encontrada uma marca de ourives, inviabiliza a atribuição de uma autoria concreta, a qual, porém, se situa indubitavelmente, em ambiente romano, como o atesta a marca da RCA, bem como as próprias características compositivas e plásticas da peça.
Tendo em consideração o universo de cálices afins identificado, o exemplar em análise pode ser aproximado da produção de Bartolomeo Colleoni e Michele Borgiani, pois apresenta na base uma decoração de carácter vegetalista, comum a vários exemplares
saídos desta oficina, único aspecto que os diferencia daqueles realizados no contexto da oficina familiar dos Arrighi, que, com frequência, ostentam nas respectivas bases uma decoração que preferencialmente recorre a motivos geométricos. É aliás essa opção que se observa nos dois cálices dessa tipologia, da autoria de Antonio Arrighi existentes em Portugal. Note-se, contudo, que, na ausência de uma marca de ourives, qualquer proposta de autoria se trata de uma mera atribuição.

A Cabral Moncada Leilões regista e agradece a disponibilidade à Professora Doutora Teresa Leonor Vale na identificação e enquadramento histórico e artístico da obra em causa.

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