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euro_symbol€ 600 - 900 Base - Estimativa
Cálice com patena e concha prata cálice com decoração relevada "Folhas", interior da copa e parte da patena dourados Italiano sinais de uso cálice com marca do ensaiador de Roma de Carlo Modesti (1696-1718), sem marcas portuguesas, ao abrigo do Decreto-Lei nº 120/2017, de 15 de Setembro - art. 2º, nº 2, alínea c) Dimensões (altura x comprimento x largura) - (cálice) 24,2 cm; Peso - (total) 569 g. Notas: O cálice em questão pertence a uma tipologia que, por comodidade, designamos de folhas de acanto sobrepostas, pois é esse o motivo decorativo distintivo, que caracteriza a falsa copa dos exemplares conhecidos.Reconhecem-se exemplares em igrejas e museus italianos, sendo que em Portugal se identificaram, até ao presente, dois, pertencentes respectivamente à Diocese de Portalegre-Castelo Branco e ao acervo do Palácio Nacional de Queluz, ambos da autoriade Antonio Arrighi (1687-1776), o ourives que mais trabalhou para o nosso país durante o reinado de D. João V.Cálices, Antonio Arrighi (1687-1776), respectivamente Diocese Portalegre-Castelo Branco e Palácio Nacional de Queluz (inv. PNQ 638).Os cálices em questão apresentam-se genericamente idênticos, evidenciando com clareza a adopção de um mesmo figurino e a sua realização segundo um mesmo modelo. Uma rápida pesquisa permitiu identificar mais de duas dezenas cálices semelhantes a este,realizados ao longo de meio século, em concreto entre 1696 e 1744. As peças cronologicamente mais recuadas têm origem em duas oficinas: a dos sócios Bartolomeo Colleoni (1633-1708) e Michele Borgiani (1658-1732) e a oficina familiar dos Arrighi,onde laboram Giovanni Francesco Arrighi (1646-1730) e seu filho Antonio. Na primeira a actividade prossegue, após a morte de Bartolomeo, com Michele Borgiani, detentor de patente desde 1697, e depois com Agostino Colleoni (1663-1746), sobrinho deBartolomeo, sendo que todos estes ourives trabalharam para a encomenda portuguesa (VALE 2014 e VALE 2016).Pela amostra recolhida, a oficina dos Colleoni parece ser a maior produtora e, por consequência, a maior difusora deste modelo. Associados à autoria de três membros da mesma família contam-se 17 cálices desta tipologia, o que evidencia, não apenas o seusucesso, mas também a aptidão da oficina para a sua replicação, a que não é estranha a relativa simplicidade, aliada a uma solução decorativa intemporal: as folhas de acanto. Constata-se assim, que esta tipologia, que remonta aos derradeiros anos de Seiscentos, continua em uso até aos anos quarenta do século XVIII, repropondo uma fórmula que continuou a contar com um bom acolhimento junto da clientela, apesar das suas características que, no contexto do Settecento romano, poderiam ser consideradasarcaizantes, mas que continuavam a ser eficazes para uma peça destinada ao uso quotidiano.Este cálice remontará à cronologia mais recuada, no âmbito do arco temporal mencionado, pois possui (na face inferior da base e na falsa copa) o denominado camerale (a marca da Reverenda Câmara Apostólica) em uso, pelo ensaiador Carlo Modesti (1661-1737), entre os anos de 1696 e de 1700 (BULGARI 1958 e BULGARI CALISSONI 1987).Cálices, realizados entre 1696 e 1719, da autoria dos ourives Bartolomeo Colleoni (1633-1708), Michele Borgiani (1658-1732), Agostino Colleoni (1663-1746), Itália, diversas localizações (dioceses de Arezzo-Cortona-Sansepolcro, de Città di Castello e de Pesaro).O facto de não ter sido encontrada uma marca de ourives, inviabiliza a atribuição de uma autoria concreta, a qual, porém, se situa indubitavelmente, em ambiente romano, como o atesta a marca da RCA, bem como as próprias características compositivas e plásticas da peça.Tendo em consideração o universo de cálices afins identificado, o exemplar em análise pode ser aproximado da produção de Bartolomeo Colleoni e Michele Borgiani, pois apresenta na base uma decoração de carácter vegetalista, comum a vários exemplaressaídos desta oficina, único aspecto que os diferencia daqueles realizados no contexto da oficina familiar dos Arrighi, que, com frequência, ostentam nas respectivas bases uma decoração que preferencialmente recorre a motivos geométricos. É aliás essa opção que se observa nos dois cálices dessa tipologia, da autoria de Antonio Arrighi existentes em Portugal. Note-se, contudo, que, na ausência de uma marca de ourives, qualquer proposta de autoria se trata de uma mera atribuição.A Cabral Moncada Leilões regista e agradece a disponibilidade à Professora Doutora Teresa Leonor Vale na identificação e enquadramento histórico e artístico da obra em causa.