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2ª Sessão | December 15, 2015  | 451 Lotes

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Taça para vinho em forma de barca madrepérola «Turbo Marmoratus» extremidades recortadas em forma de cabeças de elefante Guzarate - Índia Mogol séc. XVI (2ª metade) pequenos defeitos e pequeno restauro com reforço interior de prata Dimensões (altura x comprimento x largura) - 8 x 17,5 x 7,5 cm Notas: "Taça globosa em forma de barca, constituída por duas calotes ovóides de madrepérola de turbomarmuratus, unidas por placas rectangulares. Bordo com fino perlado terminando em cabeças de elefante. Assentam sobre bases ovaladas.
O encanto destes preciosos objectos reside, não só na beleza natural do material que as constituem, mas sobretudo na forma de barca exótica, terminando em duas cabeças de elefante com a simbólica tromba para cima, augurando boa-sorte para quem beber daquela taça.
O perfil em forma de barco carrega um grande simbolismo e profundo respeito pelos povos ancestrais de origem chinesa. Segundo o famoso poeta Tao Yuanming, que viveu durante a dinastia Jin (265-420), deve-se a um povo já desaparecido, oriundo das montanhas Wuling do norte da China que são atravessadas por densos rios, sua fonte de sobrevivência, “…viviam na água e morriam nos barcos.”
Assimilado por outros povos, era usada no séc. XVI, nomeadamente pelos Imperadores Safávidas e da India Moghol e mais tarde pelos sultões do Decão, como taça para beber vinho. Também os mendigos usavam recipientes com esta forma de barco (Kashwar), de maiores dimensões e em metal, para pedirem na rua. Embora se conheçam vários destes recipientes em metal e em jade (cf. EXOTICA), são extremamente raras as taças de vinho de madrepérola: há referência na literatura à sua existência, mas em toda a pesquisa que fizemos não conseguimos identificar nenhuma nas mais importantes colecções mundiais.
Do elevado apreço da Europa de então por estes artefactos feitos de materiais raros e exóticos como o coco, o coral, a madrepérola ou a tartaruga, resultou a sua integração em grandes colecções reais e das cortes europeias, reflectindo o status, o poder e a personalidade do seu possuidor. Satisfazendo a ânsia de coleccionar raridades preciosas e exóticas, estes objectos eram avidamente procurados e cobiçados para as conhecidas Câmaras de Maravilhas pelos grandes coleccionadores europeus. Não só ilustravam as maravilhas naturais do universo como se acreditava possuírem propriedades medicinais e virtudes mágicas. O Humanismo Renascentista alegoricamente associava a espiral da concha turbo à força da Natureza, como elemento de crescimento e à dimensão do tempo.
Marmoratus turbo, ou turbante em mármore é uma grande espécie da marinha gastrópode, que vive em grandes recifes tropicais no Índico e Pacífico. A sua misteriosa origem, o seu formato raro, o simbolismo que lhe é atribuído, os poderes afrodisíacos, e a sua forma de cavidade oca, fizeram dela o recipiente por excelência para beber o vinho, num período em que era estranha a variedade existente em taças e copos, que faziam parte dos utensílios privados da aristocracia, quer para ostentação, quer para dias de cerimónia ou para acolhimento de convidados especiais."
Teresa Peralta, Historiadora

Bibliografia:
“Presença Portuguesa na Ásia”, Museu do Oriente, p. 71.
“The Arts of Islam”, J. M. Rogers, p. 35.

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