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1 - Bem em vias de classificação, insusceptível de exportação.
Tendo a colocação em leilão do presente centro de mesa sido
previamente comunicada às entidades competentes, foi determinada
a abertura de um processo tendente à sua classificação, aplicando-se
consequentemente e desde já, o regime de bens classificados,
designadamente a impossibilidade de exportação.
2 - vd. VIDAL, Manuel Gonçalves; ALMEIDA, Fernando Moitinho de
- “Marcas de Contrastes e Ourives Portugueses (1887 a 1993)”.
Lisboa: IN-CM, vol. II, nº 67 e 244A.
3 - O casamento entre o Rei D. Luís e a Rainha D. Maria Pia,
realizado em 1862, representou a união entre a Casa Real Portuguesa
e a Casa de Sabóia. D. Maria Pia era filha da Arquiduquesa Maria
Adelaide de Habsburgo-Lorena e de Vítor Manuel II, o primeiro rei da
Itália unificada. Para o referido casamento foi encomendada ao ourives
francês Augustin Pierre Adolphe Veyrat - com loja no nº 20 da Rue
de Malte, em Paris - uma baixela em prata com cerca de 60 peças,
um faqueiro com 194 peças e um serviço de chá e café de 6 elementos,
baixela conhecida como “Prata de casamento”, todas com decoração
idêntica e apresentando as armas de Portugal e da Sabóia em relevo,
conjunto este que se encontra exposto na sua quase totalidade
no Palácio Nacional da Ajuda. Em conformidade com a lei de 1 de Julho
de 1862, a rainha recebia uma dotação anual de 60.000$000 reis,
ficando todas as despesas da sua Casa, Damas, criados e despesas
pessoais a cargo dessa dotação. Não obstante a crescente inflação,
a dotação anual permaneceu inalterada ao longo dos anos, o que levou
a que se tivesse tornado insuficiente e que, na primeira década de 1900,
a Rainha se tivesse visto na contingência de contrair vários empréstimos,
o mais avultado dos quais ao Conde de Burnay - cerca de 20.000$000
reis.Burnay morreria em 1909 e a Rainha D. Maria Pia em 1911.
Em Julho de 1912, já em plena República, realizou-se, na sede do Banco
de Portugal, em Lisboa, o celebre leilão das jóias e pratas da Rainha
D. Maria Pia que estavam dadas como garantia dos referidos empréstimos.
Os 375 lotes fariam a quantia de 353.277$000 reis, cerca de 17 milhões
de euros a preços actuais. Muitas dessas peças, pelo seu elevado valor
e cotação internacional, rumariam para outros países, surgindo algumas
no mercado, ainda que raramente. É o caso do presente centro de mesa.
Trata-se da peça principal da mencionada baixela, precisamente
a escolhida para ilustrar a capa da revista Brasil-Portugal,
de 1 de Agosto de 1912. Havia sido o lote nº 7 do referido leilão,
arrematada por 1.830 escudos, cerca de € 90.000 actuais.
Henrique Correia Braga, Perito de Pratas e Jóias - Lisboa, Novembro 2014
4 - As três taças em vidro monogramado pertencentes a cada um dos
cestos acima referidos encontram-se depositadas no Palácio Nacional
da Ajuda sob os nºs 22904/25 a 22904/27, conforme a correspondente
ficha de inventário http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/
ObjectosConsultar.aspx?IdReg=987960