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DIOGO DE CONTREIRAS - ACT. 1521-1560,
“S
ÃO
S
EBASTIÃO
”,
óleo sobre madeira,
pequenos restauros
DIOGO DE CONTREIRAS - ACT. 1521-1560,
“St. Sebastian”,
oil on board,
small restorations
Dim. - 122 x 92 cm € 60.000 - 90.000
O primeiro valor indicado em euros corresponde à reserva contratada com o proprietário
cabral moncada leilões
Q
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Apresenta-se com um curioso modo de prisão ao tronco (em vez da mais
vulgar coluna) através de um cadeado e de argolas de ferro cingidas ao
pescoço: um denso arvoredo fecha o quadro à direita, abrindo no lado
contrário para uma paisagem com o seu característico conjunto
de torreões cilíndricos, onde se representa o passo da queima dos
companheiros de S. Sebastião, um pormenor iconográfico,
que já víramos representado no Martírio do Santo que Gregório Lopes
pintou para Tomar, onde várias vezes se pretendeu ver já
um Auto de Fé inquisitorial. (...)
in Joaquim Oliveira Caetano - “O que Janus Via. Rumos e Cenários da Pintura
Portuguesa (1535-1570)”, Lisboa, 1996, vol. I, p. 171-172.
Para outras referências directas e indirectas ao Autor, à sua obra e a este óleo
de S. Sebastião em particular vd.:
Pedro Flor - “A autoria do Retábulo de Santa Maria de Almoster por Diogo
de Contreiras (1540-1542)”, in ARTIS, nº 3, 2004, Revista do Instituto de
História da Arte da Faculdade de Letras de Lisboa, pp. 335-341; Raúl Sampaio
Lopes - “Une peinture portugaise du XVIème siècle par Diogo de Contreiras (...)
in ARTIS, nº 9-10, 2010-2011, Revista do Instituto de História da Arte da
Faculdade de Letras de Lisboa, pp. 192-194; Vítor Serrão e João Miguel
Antunes Simões - “O testamento inédito do pintor Diogo de Contreiras”
in ARTIS, nº 9-10, 2010-2011, Revista do Instituto de História da Arte
da Faculdade de Letras de Lisboa, pp. 207 a 212.
O retábulo de “S. Vicente” da autoria de Diogo de Contreiras acima referido
foi capa do catálogo do Leilão 134 da Cabral Moncada Leilões em 12 e 13
de Dezembro de 2011, correspondendo ao lote 235; colocado em venda
por € 60.000, foi arrematado por € 75.000.
Nota:
integrou a Colecção D. António de Sousa Coutinho,
tendo figurado na exposição “Pintura dos Mestres do Sardoal e de Abrantes”,
Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1971, encontrando-se identificado
e reproduzido no respectivo catálogo, p. 66, nº 100.
Deve-se a Joaquim Oliveira Caetano - “A identificação de um pintor”,
in OCEANOS, nº 13, Março de 1993, pp. 112-118 - a identificação
do Mestre de São Quintino como Diogo de Contreiras.
No referido estudo refere: “... maior unanimidade tem surgido
na caracterização do chamado Mestre de São Quintino, um dos mais activos
pintores do tempo, e o que melhor qualidade e inovação coloca nas suas obras.
Inicialmente confundido com a «última fase» de Gregório Lopes, nomeadamente
por Luís Reis Santos (1954), embora sempre autonomizado por Reynaldo
dos Santos (1950), o «Mestre de S. Quintino» foi estudado em profundidade
pela primeira vez por Martin Sória (1957), que reuniu à volta deste mestre
um conjunto de mais de três dezenas de pinturas, reforçadas com outras
atribuições posteriores de Vitor Serrão (1970, 1980, 1983, 1986). Entre elas
encontram-se núcleos de obras ... que permitem caracterizar este pintor como
personalidade artística dominante em Portugal, quer pela sua produtividade,
mostrando a aceitação por parte da clientela, quer pelo seu papel ímpar na
imposição de uma nova estética italianizada, rompendo precocemente com a
tradição da pintura nacional do primeiro terço de Quinhentos. Como escreveu
Vitor Serrão (1986), o «Mestre de Santo Quintino é, de facto, a mais forte
personalidade de artista nesta viragem para o novo figurino maneirista».”
“Com o conhecimento da documentação ... cumpre-se ... a identificação,
agora segura, do principal pintor português de meados do século XVI,
o até agora denominado Mestre de S. Quintino, com Diogo de Contreiras,
abrindo novas perspectivas para um conhecimento mais profundo do
pintor, auxiliado agora pelo conhecimento dos seus dados biográficos,
da sua teia de relações e do seu enquadramento social.”
Especificamente sobre este quadro da autoria de Diogo de Contreiras
representando S. Sebastião (e um outro, do mesmo autor e época,
precisamente com as mesmas dimensões, e moldura, representando
S. Vicente) escreve Joaquim Oliveira Caetano: “Datáveis de meados da
década de 1540, próximas a primeira empreitada do pintor documentada
para S. Bento de Cástris, as duas pinturas da antiga colecção Sousa
Coutinho foram vistas pelo público em 1971 na Exposição de Pintura
dos Mestres de Sardoal e Abrantes, então erroneamente atribuídas a
Gregório Lopes. São duas figuras de Santos seguindo a mesma colocação
isolado contra um fundo de paisagem, em pose serena com as
tradicionais feições suaves e jovens utilizadas noutras figurações
de Contreiras. (...)
O S. Sebastião vale sobretudo pelo cuidado posto na representação
anatómica, semelhante no desenho da musculação a alguns Cristos de
Contreiras, como o da Trindade da Colecção Rilvas.